JOSÉ JOSIAS BEZERRA , filho de Sebastião Avelino Bezerra e
Amélia Adélia da Fonsêca, nascido em 21/09/1916, nas cercanias de Santa Cruz,
na área circundante da Região do Trairi. Casado com D. Maria Nunes Bezerra, de
cuja união conjugal nasceram os filhos:
José Nazareno Nunes Bezerra, Maria Nazaré Nunes Bezerra Hilda
Nunes Bezerra, Maria Lúcia Bezerra Nunes e José Bezerra Filho (Dudé), que
deveria se chamar José Josias Bezerra Filho, no entanto, a omissão do nome
Josias deixamos por conta de um lapso involuntário do 2º Cartório de Registro,
na época, sob a titularidade do escrivão José Fonseca, por sinal, meu padrinho,
para quem o conhecia de perto, tal engano, consideraria natural,
circunstancialmente. Foram 5 (cinco) filhos do casal MARIA e JOSÉ, todos de boa
índole, dos quais tive a satisfação de trabalhar, por mais de 15 (quinze) anos,
ininterruptamente, com o mais novo da família (Dudé), também apelidado pelos
amigos de “Cacuruta”, pois qualquer semelhança, no caso, seria mera
coincidência.
O período de trabalho suprarreferenciado ocorrera na
Prefeitura de Santa Cruz, em cargos de nominação diferentes, porém, de funções
correlatas, dividindo trabalho, responsabilidade, aprendizado e, também,
preocupações, dada a natureza das atribuições que nos confiaram, mas, aqui,
despojadamente, registro a notória competência profissional do amigo e colega
de trabalho, notadamente, no curso do período referenciado. Voltemos a José
Josias Bezerra, personagem central do texto, que era uma pessoa, antes de mais
nada, íntegra, honesta e trabalhadora. Estudou somente o Ensino Fundamental,
mas, desde cedo, demonstrou ser portador de admirável inteligência e,
naturalmente, de um inigualável conhecimento da história e fatos
político-administrativos da vida existencial de Santa Cruz. Começou a trabalhar
com apenas 17 (dezessete) anos de idade, no exercício da função de apontador,
na construção do Açude Inharé/Alívio, em 1937, década de grande agitação
política/ideológica no Brasil. Em resumo, destaque-se: deposição de Presidente,
Governo Provisório de Getúlio Vargas, Revolução Constitucionalista (São Paulo),
Intentona Comunista, com as singularidades históricas nossas, em termos de RN.
O estado foi república em 1817 e instaurou o primeiro governo comunista das
Américas em 1935, etc, etc... Desde aquela época, JOSÉ JOSIAS BEZERRA já
demonstrava indiscutível senso de responsabilidade, que se aliara à sua competência
profissional, com o seu aguçado dom de conhecimento, em decorrência, não levou
muito tempo, credenciou-se a assumir funções que demandavam comprovada
sabedoria intelectual, além de outros atributos inerentes às investiduras nas
funções pertinentes, tais como: Membro do Diretório Municipal de Geografia, em
1938; Agente do Jornal “O Ideal”, dirigido pelo poeta e professor “Cosme
Ferreira Marques”, em 31/12/1938, portanto, naquele mesmo ano.
Assim, para efeito comprobatório do que ora relatamos, não
foi à toa que José Josias Bezerra fora um dos principais colaboradores diretos
de informações relevantes à elaboração do livro “MEMÓRIAS DE SANTA CRUZ”, de
autoria do saudoso “Monsenhor Severino Bezerra”, irmão do “Major Theodorico
Bezerra”, de antepassada e expressiva liderança política desta região,
historicamente. Informo, por oportuno, que tive a honra de ter sido
especialmente convidado pelo Pároco Local, à época Mons. Raimundo Gomes
Barbosa, para fazer a saudação alusiva à Celebração das Bodas de Ouro de
Ordenação Sacerdotal do Mons. Severino, evento ocorrido na Igreja Matriz Local,
com muito júbilo. Prosseguindo sobre José Josias Bezerra, é importante
referenciar que, em 1945, com a criação do cargo de Tesoureiro da Prefeitura de
Santa Cruz, exercido anteriormente pelo Secretário Alfredo Xavier Bezerra, que
fora Intendente de 19/07/1943 a 14/10/1945; em seguida, José Josias Bezerra
assumira o cargo de Tesoureiro da Prefeitura Local, donde se conclui que ele
foi o primeiro a ascender àquela função, em nível Municipal, segundo informe da
pág. 69, do livro de Hermano Amorim, intitulado “SANTA CRUZ NOS CAMINHOS DO
DESENVOLVIMENTO”.
Na sequência deste resumo biográfico sobre José Bezerra, que
se acrescente o cargo de Agente de Estatística do IBGE, durante 37 (trinta e
sete) anos, quando se aposentou, tendo substituído “Cosme Ferreira Marques”,
então, primeiro Agente nomeado em 1º/08/1946, meritoriamente. Tendo sempre uma
atuação destacada, José Josias Bezerra, além de outros atributos pessoais, era
afável na convivência com todos, normalmente no preencher eficiente do tempo
destinado às suas atividades laborais. Então, por conta dessas e outras
precedências positivas já referenciadas, ele exercera as funções de
Assessor/Secretário de vários prefeitos, naquela época, denominados de
INTENDENTES, entre os quais: Aderson Lisboa; Alfredo Xavier Bezerra; Cel. Júlio
César Pinheiro, substituindo-o legalmente, na condição de Prefeito, de
31/01/1946 a 1º/03 do mesmo ano, portanto, José Bezerra foi Chefe do Executivo
Santacruzense durante aquele breve período, entregando o cargo,
sequencialmente, para Adauto de Sá Leitão, o último, salvo engano, que encerrou
o período dos intervenientes municipais. Mas ele segue firme, em frente,
continuamente, assessorando o maior número de prefeitos da história
político-administrativa de Santa Cruz, ineditamente. Que se acrescente, ainda,
os prefeitos eleitos constitucionalmente: o primeiro, Jácio Luiz Bezerra Fiúza,
o mais jovem Prefeito eleito, até então, no município de Santa Cruz; João
Bianor Bezerra, pai do ex-Senador Fernando Bezerra; José Ferreira Sobrinho, pai
de José Lindolfo de Carvalho; José Rodrigues da Rocha, pai do ex-Prefeito José
Péricles F. da Rocha; Hildebrando Teixeira de Souza, filho de Seu Tito,
ex-funcionário dos Correios de Santa Cruz; Gilson Alves de Andrade, na Gestão
de quem fui Secretário Municipal de Educação; idem na Gestão do Prefeito Francisco
Medeiros Sobrinho (Francisquinho); este, último da relação, todos assessorados
por José Bezerra, perfazendo um total de 11 (onze) Prefeitos, entre eleitos e
intendentes.
Durante os mandatos dos dois últimos Prefeitos imediatamente
nominados, tive a sorte e a honra de ser colega de repartição de José Josias
Bezerra, a quem, no curso desse tempo, tratávamos carinhosamente de BEZERRINHA,
período que me rendeu muitos dividendos em termos de conhecimento mais
detalhado da história de Santa Cruz, bem como no que concerne à redação de
correspondências, nas suas diversas modalidade e destinação. Ele escrevia como
ninguém. Às suas escrita e linguagem, juntar-se-iam técnica, coerência,
elegância e erudição. Evidente, com a observância do coloquial, indispensável
para uma boa redação, e consequente compreensão. Sabia de tudo sobre os fatos
políticos, administrativos e culturais do município, com especialidade, desde
os primórdios da República Nova até os tempos atuais, os quais eram relatados
oralmente por ele, com singular precisão. Pela demonstração do conhecimento com
que ele descrevia oralmente as coisas da cidade, nunca hesitei em cognominá-lo
de o “Câmara Cascudo de Santa Cruz”, com muita convicção. A propósito, por
falar em Câmara Cascudo, reconhecido como o maior de todos os intelectuais
norte-rio-grandenses, nascido em 30/12/1898, em Natal/RN, e falecido em
30/06/1986, ele foi o prefaciador do livro de poesias do Prof. “Cosme Ferreira
Marques”, intitulado “CANASTRA VÉIA”, exatamente na pág. 81, folhas anexas, tem
uma poesia contendo 5 estrofes cujo título é “MEUS SINCEROS EMBORAS”, é, pois,
uma dedicatória do Prof. “Cosme Marques” ao amigo José Josias Bezerra, cujo
teor é uma preciosidade de homenagem e construção poética, que, por si só,
retrata as qualidades do Mestre “Bezerrinha”, e o quão era merecido. Perguntado
sobre o Açude Santa Rita e quem o teria construído, ele respondera que aquela
obra remontava à época de D. Pedro II. Quanto ao marco construído em plena
fundação daquele açude, teria sido na Gestão do Dr. Odorico Ferreira de Souza.
No tocante à denominação de “4 de Março”, do antigo campo de futebol da cidade,
segundo Bezerrinha, era uma homenagem à data da partida do Prefeito/Intendente
Cleto Antunes, pois, naquele período, existia uma oposição muito forte e
radical a ele, que teria sido indicado no início da década de 30, no Governo
Provisório de Getúlio Vargas.
Ele era comedido nas colocações e nas respostas. Falava
pausadamente, mas com extraordinária lucidez. Quando estávamos conversando, anos
passados, retroagíamos aos distantes tempos idos. Recuperávamos fatos, às vezes
inéditos, no ressurgimento de
pessoas, buscando, no caso, recompor não um espaço
inexistente ou um mundo desaparecido, mas, sobretudo, o sentido e o reluzir de
uma época política, na qual a cidade de Santa Cruz vivera a venturosa visita de
praticamente dois Presidentes da República: Juscelino Kubitschek e João
Belchior Marques Goulart; este último, inaugurando a energia de Paulo Afonso em
Santa Cruz, na Gestão do ex-Prefeito Clodoval Medeiros, no início dos Anos 60,
então. José Josias Bezerra foi o meu Mestre em vários aspectos da vida,
inclusive, na vida profissional, especialmente na condição de companheiro de
instituição. Minha homenagem é singela, porém, verdadeira; ela reflete
respeito, reconhecimento e gratidão. Não se restringe, apenas, à
imprescindibilidade de sua valiosa colaboração, mas também, à relevância dos
seus serviços prestados à Coletividade Santacruzense, no seu campo de atuação.
Em homenagem a ele, concluindo, uma frase da poetisa Cora Coralina: “O saber se
aprende com os Mestres. A sabedoria, só com o corriqueiro da vida. Às vezes,
penso em parar. Não! tenho muito para escrever ainda sobre ele e outros
ilustres santacruzenses. Lembrei-me agora do grande “AIRTON SENNA”: “Quando
penso que cheguei ao limite, descubro que tenho forças para ir mais além.” Com
a graça de Deus! Um abraço fraterno da minha família à família do nosso ilustre
homenageado, BEZERRINHA, falecido em 09.02.2013!
A ele, nossas eternas saudades!
FONTE – BLOG R SANTOS